10 de mai. de 2011

Entrando em cena 3

Há pouco mais de dois meses recebi a mãe de um adolescente buscando acompanhamento para o filho. Pouco tempo antes ele tinha feito terapia com outra profissional, mas foi um período curto pois quis parar e a família concordou porque não tinha recebido feed-back, além de julgarem o preço alto. Logo depois, o rapaz pediu para procurar outro profissional, pois estava muito angustiado, foi então que eles chegaram a mim.

Rapaz tímido, com alma de artista, a música é seu elo positivo com a realidade. No mais, a interação é difícil. Trabalhamos juntos quase dois meses, eu via a possibilidade do processo acontecer; ele entrava em cena, fazia bem a trilha sonora. Até o dia em que seu pai ligou avisando que ele não iria mais às sessões, estava "irredutível". Ao mesmo tempo, pediu-me indicação de outro psicólogo, para dar continuidade ao trabalho.

O rapaz percebeu que o processo terapêutico desvenda algumas dificuldades e angústias, alimenta outras e pode gerar outras. Mas, ainda não percebeu que buscar vários primeiros atos não contribui para que a encenação gere os benefícios próprios do processo. É preciso tempo.

Entrando em cena 2

Há pessoas que já chegam ao consultório com o "roteiro" pronto; o processo flui, não dá pra dizer que flui facilmente, pois nem todo processo é fácil, mas é o momento e flui. Outros chegam precisando de uma "mãozinha", uma co-direção; um feed-back certeiro aciona o fluxo. Há também os que têm dificuldades maiores, que precisam de muito tempo de preparação para que consigam entrar em cena e, talvez, caminhem devagar. Mas há os que nada faz acionar o fluxo, o processo não começa, parece estar em pausa, falta um clique que não acontece ou não conecta. Algumas vezes é melhor tentar mais tarde.