24 de abr. de 2010

O Segredo da Simplicidade

do livro O Mito do Significado, de Aniela Jaffé. Editora Cultrix.

"Toda declaração sobre o significado, seja uma hipótese ou uma confissão de fé, é um mito, um resultado em parte da consciência e em parte do inconsciente. O homem moderno, entretanto, é racional demais, inteligente demais, demasiadamente conhecedor de tudo, afastado demais da natureza e de suas contradições, e não leva a sério suas próprias intuições e as imagens que surgem de sua alma. (...) Para Jung, o mito converteu-se numa experiência de significado.
Por estar tão próximo da natureza, o significado dos mitos do homem primitivo dá-lhe um sentimento de segurança. Tudo que faz, tudo que experimenta, liga-se intimamente ao cosmo, às estrelas e ao vento, aos animais sagrados e aos deuses. Com sua consciência incomparavelmente mais diferenciada, o homem moderno perdeu o contato com a natureza, tanto exterior quanto interior, com suas imagens psíquicas, e, portanto, com o significado. Ele é unilateral, e prossegue desenvolvendo essa unilateralidade ao longo do caminho da diferenciação intelectual. O homem primitivo e natural que ainda habita dentro dele foi reprimido, e, por isso, degenerou e, de tempos em tempos, é tomado de fúria cega que irrompe nele como um impiedoso bárbaro. O contato do consciente com o inconsciente, curando e reintegrando, restaura a conexão com sua origem, com a fonte das imagens psíquicas. Não é regressão à barbárie, mas uma regeneração através de uma relação renovada e consciente com um espírito vivo, imergido do inconsciente. Cada passo para a frente no caminho da individuação e da cultura da alma é ao mesmo tempo um passo para trás no passado, nos mistérios da nossa própria natureza."

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